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O desenho inteligente, design inteligente ou projeto inteligente (em inglês Intelligent Design) é uma hipótese pseudocientífica, baseada na assertiva de que certas características do universo e dos seres vivos são mais bem explicadas por uma causa inteligente, e não por um processo não-direcionado (e não estocástico) como a seleção natural; e que é possível a inferência inequívoca de projeto sem que se façam necessários conhecimentos sobre o projetista, seus objetivos ou sobre os métodos por esse empregados na execução do projeto.
Embora seus defensores neguem conexões a questões religiosas, quase sempre enfatizando-o como imbuído de caráter puramente científico, o desenho inteligente retém em seus alicerces uma forma moderna do tradicional argumento teleológico para a existência de Deus, modificado para evitar especificações sobre a natureza ou identidade do criador. A ideia foi inicialmente elaborada por um grupo de criacionistas americanos que reformularam o argumento em face à controvérsia da criação versus evolução para contornar a legislação americana que proíbe o ensino do criacionismo nas escolas como se esta hipótese fosse equiparável às teorias científicas; e gradualmente espalhou-se por diversos países e continentes. Seus defensores mais contundentes, todos eles associados ao Discovery Institute, sediado nos Estados Unidos, acreditam que o criador é o Deus do cristianismo. No Brasil o movimento encontra-se atualmente representado entre outros pela Sociedade Brasileira do Design Inteligente, que em seu primeiro manifesto, de forma aparentemente contraditória, reconhece que a teoria que defende não encontra apoio entre a maioria no meio acadêmico e posiciona-se contra o ensino do Desenho Inteligente em escolas públicas e privadas (confessionais ou não) em vista da cenário global atualmente configurado. Em 2017 a Universidade Presbiteriana Mackenzie e o Discovery Institute estabeleceram parceria de divulgação do design inteligente no Brasil e criaram o "Núcleo Discovery-Mackenzie", considerado como uma ameaça à educação.
Segundo os principais defensores, sua pesquisa é análoga à de detetives que, diante de uma pessoa morta, buscam sinais de que aquele evento não foi acidental (ou que isto é, de fato, impossível), indicando que há um assassino. Seus pesquisadores buscam no mundo natural - e principalmente em estruturas biológicas - sinais de planejamento, funcionalidade e propósito. Assumindo a veracidade da premissa, tais pesquisadores alegam que, se os detetives concluem inequivocamente que há um criminoso mesmo sem conhecer os motivos que o impeliram ou sem saber quem ele é, eles também podem concluir que há uma criação sem dispor de dados adicionais sobre o criador. De acordo com os críticos, entretanto, as pesquisas atreladas ao desenho inteligente focam-se apenas na busca por evidências (biológicas) favoráveis e não nas conseqüências de todas as descobertas e evidências; violando os preceitos do Método Científico em diversos pontos. Defensores da criação inteligente alegam que ela seja uma teoria científica, e buscam fundamentalmente redefinir a ciência para que a mesma aceite explicações sobrenaturais.
O consenso da comunidade científica é de que a criação inteligente não é ciência, mas na verdade pseudociência. A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos já declarou que o "criacionismo, design inteligente e outras alegações de intervenção sobrenatural na origem da vida" não são ciências porque elas não podem ser testadas por métodos científicos. A Associação de Professores de Ciências dos Estados Unidos e a Associação Americana para o Avanço da Ciência igualmente a classificaram como pseudociência. A Sociedade Brasileira de Genética publicou oficialmente que não há qualquer respaldo científico no design inteligente e em outras teorias criacionistas, explicando que esta posição é consensual na comunidade científica. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) também já manifestou-se contra o posicionamento como ciência e ensino como ciência de teorias criacionistas, entre as quais o desenho inteligente, o mesmo o fazendo o Ministério da Educação e Cultura (MEC). Há inúmeros outros organismos científicos que rejeitam o design inteligente. O biólogo Richard Dawkins afirma que o design inteligente é um tipo de negacionismo semelhante ao negacionismo do Holocausto.
Não obstante às críticas, os defensores do desenho inteligente mantiveram-se e mantém-se firmes em defesa de seus ideais, sobretudo nos Estados Unidos; por vezes perpetrando disputas épicas não apenas em âmbito sócio-cultural mas também em âmbitos legislativo e jurídico. Recentemente tornaram-se notórios o "Julgamento do Macaco", termo usado para se referir ao caso contra o professor de biologia John Thomas Scopes, de 25 anos, acusado de ensinar a teoria da evolução em uma escola pública na cidade norte americana de Dayton (1925) e também o caso Kitzmiller versus Dover Area School District (2005), onde um grupo de pais e professores interpôs processo contra o conselho escolar da cidade de Dover por exigir o ensino do Design Inteligente como alternativa à evolução biológica em aulas de ciências da instituição.